Como já mencionei anteriormente, nosso interesse pela Serra da Mantiqueira começou há muito tempo, ainda no tempo de faculdade. Na verdade o nosso interesse sempre foi pelas montanhas. Apesar de morar há poucos minutos da praia durante nossas vidas, não conseguíamos apreciar a atividade de virar “bife à milanesa” durante todo um dia de sol, como muitos de nossos amigos gostavam de fazer.
Durante a época da faculdade, tínhamos um grupo de amigos que viajava frequentemente para Lumiar no RJ. Na época era um vilarejo bem simples que frequentamos por muitos anos e onde colecionamos muitas histórias. Frequentávamos o lugar praticamente todos os finais de semana, seja em pousadas simples (muito simples, que era o que nossos bolsos permitiam) ou em casas alugadas. Um dos points na época era o bar do Geninho, onde jogávamos sinuca e comíamos hamburgers. Como muitas coisas na vida, cada um tomou um rumo diferente na vida e os interesses também foram mudando.
Para nós dois o novo interesse passou a ser Visconde de Mauá. Destino hippie no passado, era um lugar com um charme especial. Composta de três vilas (Visconde de Mauá, Maringá e Maromba), nos identificamos com Maringá de Minas (a vila ainda é dividida entre RJ e MG pelo rio). O local apresentava uma vegetação intensa e uma calma receptiva do lado de MG. O tempo de viagem até lá era maior do que ir a Lumiar e por isso íamos uma vez por mês. No início, a subida da serra era por estrada de terra, que maltratava bastante os carros e por isso era lenta. No entanto, não deixava de ser interessante, principalmente se conseguíssemos subir durante o dia para apreciar a vegetação. Em Visconde de Mauá começou o nosso interesse pela Serra da Mantiqueira.
Depois de asfaltarem a subida da serra de Visconde Mauá, aconteceu o esperado: aumentou o fluxo de turistas, porém nem sempre de “bons turistas”. Acredito que boa parte da beleza da região de Visconde de Mauá estava no fato de ser uma região relativamente preservada e nem todo turista tem o cuidado de deixar as coisas como foram encontradas.
Mais recentemente, olhamos propriedades na região de Visconde de Mauá, mas acho que já não era mais o lugar pelo qual nos interessamos no passado. Ao longo de muitos anos continuamos viajando por diferentes cidades na Serra da Mantiqueira, tentando encontrar um local que despertasse nossos interesse. Nessa busca quase sempre optamos por viajar durante a semana para ver como era a vida local. Observávamos se havia um comércio local, as cidades próximas, onde comer e muitas vezes nos encontrávamos em “cidades de turistas” que funcionam somente aos finais de semana e ofereciam muito pouco nos dias úteis.
Em Visconde de Mauá fizemos amigos e nos hospedamos em locais que de alguma forma influenciaram nossas vidas atuais. Se alguém quiser conhecer o lugar recomendo a Pousada Jardins do Passaredo em Maringá de Minas, de propriedade dos irmãos Marcelo e Cândido, que é um lugar bem charmoso e de bom gosto. O Marcelo nos influenciou bastante no gosto musical e também tem boas histórias para contar.
Passamos a intensificar a nossa busca e frequentamos ao longo do tempo os três estados cortados pela Serra da Mantiqueira. Também fomos aperfeiçoando nossa perspectiva sobre o local que queríamos. Algumas das cidades que visitamos foram Gonçalves (MG), Delfim Moreira (MG), Cristina (MG), Maria da Fé (MG), Itatiaia (RJ), Santo Antônio do Pinhal (SP), entre muitas outras.
Depois de mais de 20 anos do início de nossa procura várias coisas contribuíram para decidirmos por uma mudança de vida e nesse momento avaliamos que dos três estados que são permeados pela Serra da Mantiqueira, um deles possuía uma situação econômica estável. Juntando tudo, acabamos escolhendo São Bento do Sapucaí, no estado de São Paulo, como nossa nova morada. Cidade pequena no alto da Serra da Mantiqueira, poucos habitantes e com vegetação e clima bastante aprazível. São Bento do Sapucaí é mais conhecida com lar da Pedra do Baú e por ser vizinha de Campos do Jordão, mas possui diversos atrativos para os praticantes de escalada, corrida de trilha, mountain bike, trekking, além de algumas boas opções gastronômicas, vinícolas e cervejarias nas proximidades. Fica ainda a cerca de 3h da cidade de São Paulo, tornando-se um bom local para aquela fuga de final de semana, apesar de muitos acharem que somente um final de semana é muito pouco para explorar o local. Se acertamos ou não, somente o tempo irá dizer.